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“Agora é tarde”: Deputados pedem desculpas por voto na PEC da Blindagem e enfrentam reação popular

Brasília — 20 de setembro de 2025
A aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados continua gerando repercussões intensas. Após o voto favorável à proposta, que dificulta o processamento judicial de parlamentares, alguns deputados vieram a público pedir desculpas. Mas o gesto não foi bem recebido por parte da população, que reagiu com indignação nas redes sociais: “Agora é tarde”, “sabiam o que estavam fazendo” e “não dá pra confiar”.
A proposta, oficialmente chamada de PEC das Prerrogativas, exige autorização prévia da Câmara ou do Senado para que parlamentares sejam processados judicialmente. Além disso, restabelece o voto secreto em decisões sobre abertura de ações criminais contra deputados e senadores — o que muitos consideram um retrocesso na transparência política.
O deputado Merlong Solano (PT-PI) afirmou ter cometido um “grave equívoco” ao apoiar a PEC, justificando que buscava impedir o avanço de uma proposta de anistia e viabilizar pautas sociais como a taxação dos super-ricos. “Peço desculpas ao povo do Piauí e ao meu partido”, declarou.
Já Pedro Campos (PSB-PE) disse que a decisão foi um “sacrifício político” e reconheceu que a estratégia adotada não funcionou. “Tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho”, escreveu.
Ambos assinaram um mandado de segurança enviado ao STF para tentar anular a votação.
Nas redes sociais, o arrependimento dos parlamentares foi recebido com ceticismo. Comentários como “votaram achando que ninguém ia perceber”, “só se arrependeram porque pegou mal” e “cadê a coragem de votar contra?” se multiplicaram.
Em grupos de discussão política, o sentimento predominante é de frustração. “Não adianta pedir desculpa depois de blindar a si mesmo. Isso é zombar da democracia”, escreveu um internauta. Outro resumiu: “Se sabiam que era errado, por que votaram?”.
O que muda com a PEC
Se aprovada também pelo Senado, a PEC da Blindagem poderá:
– Impedir que parlamentares sejam processados sem aval do Congresso
– Tornar secreto o voto sobre abertura de processos criminais
– Restringir a possibilidade de prisão de deputados e senadores
Essas medidas retomam práticas abolidas em 2001, quando o Congresso barrava sistematicamente pedidos de autorização para processar seus membros.
A proposta segue agora para o Senado, onde será analisada. Como se trata de uma emenda constitucional, não precisa passar pela sanção presidencial. A pressão popular cresce para que os senadores rejeitem o texto e restabeleçam a confiança nas instituições.







