Viôlencia ao extremo: A maior operação policial da história do Rio de Janeiro deixa mais de 60 mortos e 80 presos nos complexos da Penha e do Alemão.

Em uma ação sem precedentes, o estado do Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, a maior e mais letal operação policial de sua história. A megaoperação, batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças de segurança e teve como alvo o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do país, nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense.

Um cenário de guerra urbana

Desde as primeiras horas da manhã, moradores relataram intensos confrontos armados, com vídeos mostrando rajadas de tiros e colunas de fumaça. Em apenas um minuto, foram registrados quase 200 disparos na região da Penha. Criminosos reagiram com barricadas em chamas e, em um episódio inédito, utilizaram drones para lançar explosivos contra os policiais da CORE, a força de elite da Polícia Civil.

Balanço da operação

Segundo o governo do estado, até o momento foram contabilizados 81 presos, 42 fuzis apreendidos e ao menos 64 mortos, incluindo quatro policiais — dois militares e dois civis. Além disso, nove pessoas ficaram feridas, entre elas moradores e agentes de segurança.

O governador Cláudio Castro classificou a ação como “a maior da história do estado”, destacando que a área de atuação da operação cobre cerca de 9 milhões de metros quadrados, o equivalente a duas vezes o bairro de Copacabana.

Repercussão internacional

A operação ganhou destaque na imprensa internacional, especialmente por ocorrer poucos dias antes da realização da COP30, evento global sobre mudanças climáticas que será sediado na cidade. A agência Reuters observou que ações policiais de grande escala costumam ocorrer no Rio antes de eventos internacionais, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014, nas Olimpíadas de 2016 e na cúpula do G20 em 2024.

Histórico de violência

De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), esta operação superou a chacina do Jacarezinho, em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas. Entre 2007 e 2025, foram registradas 707 chacinas policiais na Região Metropolitana do Rio, evidenciando um padrão de violência estatal em ações contra o tráfico.

A megaoperação reacende o debate sobre os limites da atuação policial, os impactos sobre a população civil e a eficácia de ações de confronto direto no combate ao crime organizado. Enquanto o governo defende a operação como necessária para restaurar a ordem, especialistas e organizações de direitos humanos pedem investigação rigorosa sobre os excessos cometidos.